Contra preconceitos com os esportes eletrônicos, estudantes-atletas de e-sports elencam pontos positivos

Neste mês de abril, terminou a edição 2022 dos Jogos Universitários Mineiros (JUMs) – e-sports: principal evento estadual dedicado aos esportes eletrônicos. Esse tipo de modalidade, geralmente, é alvo de preconceitos pela sociedade e até pela própria comunidade acadêmica. Por isso, alguns estudantes-atletas premiados na competição encerrada recentemente foram convidados a defender os respectivos pontos de vista.

Confira!

Mais respeito

O graduando em Educação Física na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Matheus Silveira, aponta que “quem fala algo que desmereça (os e-sports) é quem não entende nada sobre as dificuldades que um atleta do meio tem”. “Treinos diários para ser o melhor, disputa desleal com quem tem mais condição, investimento financeiro e de tempo para ficar no topo de cada competição”, exemplifica.

“É comprovado que o esforço mental é mais desgastante que o esforço físico. No (âmbito) mental, você tem a ansiedade e o nervosismo muito mais acentuados. Isso gera um desgaste pré, durante e principalmente pós-competição muito pesados”, avalia Matheus.

O futuro professor de Educação Física ainda pede “mais respeito com qualquer atleta que você veja no topo da categoria, que dedica sua vida para uma modalidade eletrônica”. “Digo e repito que troco qualquer esforço físico por aqueles 12 a 15 minutos de uma partida de FIFA eliminatória”, admite o campeão da respectiva modalidade nos JUMs – e-sports 2022 e vice-campeão nacional da edição 2021 dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs).

Desenvolvimento motor e benefícios para o jogador

Para a graduanda em Jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Laura Justino, os e-sports incentivam “uma série de habilidades de coordenação motora, trazendo benefícios para o jogador, que pode jogar de forma saudável”.

“Os esportes eletrônicos movimentam uma economia e mostram que o ‘casual’ pode ser levado a sério, pois o que jogávamos somente por diversão na infância virou um mercado que cresce rapidamente, promove competições e alimenta um tipo de cultura“, reflete a futura jornalista que também pratica FIFA.

Expectativa de crescimento

Sobre essa questão de crescimento do meio de e-sports, o estudante de Engenharia de Sistemas na UFMG, Arthur Soares, demonstra expectativa.

“Os esportes eletrônicos estão em uma crescente impressionante em todas as modalidades. Com o passar dos anos, a tendência é crescer ainda mais e chegar a novas pessoas, por ter (opção) para todos os tipos de gostos”, observa o estudante-atleta de Clash Royale.

Dedicação

A estudante do curso de Rádio, TV e Internet na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Carolina Santos, joga Clash Royale e reforça alguns pontos já mencionados pelos colegas.

Para ela, “o cenário de e-sports vem crescendo muito ultimamente e os atletas vem se mostrando cada vez mais dedicados a rotina de jogos e treinos, demonstrando que os atletas de modalidades eletrônicas são sim atletas e merecem respeito”.

Interesse e igualdade

Ao ser perguntado sobre o assunto, o discente do curso de Engenharia de Controle e Automação na Inatel e estudante-atleta de Leagle of Legends (LOL), Vinícius Monteiro, relembra um episódio pessoal.

“Na edição nacional (dos Jogos Universitários) que eu participei em 2019 em Salvador (Bahia), o LOL era uma das poucas modalidades de esporte eletrônico. E ao contrário do que eu esperava, a maior parte do pessoal que competia nos ‘esportes tradicionais’ demonstrava um enorme interesse em saber como estava o nosso campeonato”, conta.

Ele revela que, nesse evento, foi abordado inúmeras vezes e questionado sobre se haviam “conseguido ganhar?” ou se “está tendo live para assistir em algum lugar?”, por exemplo.

“Então eu acredito que as pessoas devam encarar os esportes eletrônicos da maneira como encaram um esporte tradicional, já que existem pessoas para competir e pessoas que gostam do espetáculo que um jogo eletrônico pode proporcionar”, advoga.

Possibilidade de estabilidade financeira

Gabriel Nogueira é estudante de Sistemas de Informação na Universidade Federal de Viçosa (UFV) – Campus Rio Paranaíba e pratica FreeFire. Ele reflete que “os e-sports são uma grande porta para se tornar atleta profissional”.

“Sai do convencional que todos conhecemos e traz diversas vantagens para os atletas, desde a possibilidade de trazer uma estabilidade financeira ou até mesmo auxiliar em suas atividades no cotidiano, ajudando a aliviar o estresse e sair um pouco da rotina universitária“, enumera.

Uma chance

O estudante do curso de Engenharia da Computação na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Victor Polito, afirma que “vale a pena dar uma chance“.

“O esporte está crescendo ao ponto de atrair multidões em arenas para assistir as partidas, além dos milhares que assistem de maneira on-line”, reflete o estudante-atleta de CS:GO.


Imagem de destaque: reprodução / Freepik
Texto: Arthur Raposo Gomes