JUMs: a frente de toda equipe, sempre há uma grande mulher

A grandeza de cada mulher vai além daquela medida na fita. Se bem que, às vezes, ela importa, como no caso de Isadora Cristine Alves Augustin (foto de destaque), estudante-atleta de basquete da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A importância de Isadora para o elenco, que ela se refere como “família”, não é questionada por causa de seu talento e dedicação. Aliás, ‘dedicação’ e ‘paciência’ são palavras que têm movido a vida dela.

“O objetivo é ser o melhor naquilo tudo que eu me proponho a fazer”, contou Isadora sobre a missão de conciliar seus afazeres. Além de atleta, ela ainda é estudante, empreendedora no ramo alimentício e técnica de basquete: uma forma de unir suas paixões e usar cada ofício para agregar em outro.

Desde os oito anos, quando começou a escolinha em Uberaba, o basquete é a paixão de Isadora. Na adolescência, a história não mudou e ela continuou se dedicando totalmente à modalidade para chegar ao profissional. E ela chegou. Mas foi barrada pela falta de incentivo dentro de casa. Sem muita opção, seguiu firme nos estudos e fez do basquete o que ela chama de válvula de escape para a rotina intensa.

Na UFU, Isadora estuda Nutrição. Além de se interessar pela área por causa da possibilidade de evolução  da performance no basquete, ela faz questão de aplicar o que aprende para desenvolver sua empresa, uma Bakehouse especializada em Boulangerie Tradicional Francesa e Pizzeria Italiana, localizada em Uberlândia.

O compromisso mais recente de Isadora envolve o basquete, mas fora das quatro linhas. Ela é técnica da Atlética Exatas, também da UFU. Ao mencionar o fato com sorriso no rosto, ela parece ter encontrado mais um motivo de satisfação.

“É maravilhoso. Eu nunca imaginei que fosse gostar tanto de estar a frente de um time”, comemorou. O trabalho já deu resultado e a equipe venceu a Olimpíada UFU, em 2022. Em relação ao futuro de Isadora, fica em aberto se ela continua no basquete dentro ou fora de quadra.

Comandar um time também afaga o coração de outra mulher, em outra modalidade. Jéssica Miranda Quintão Henriques, formada em Educação Física pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro, é professora na rede estadual, jogadora de futsal e técnica de futsal feminino da Engenharia UFTM, da Medicina UNIUBE, da Medicina UFTM, da OAB Uberaba e da Atlética Geral da UFTM.

Jéssica conheceu a modalidade por meio do irmão: “Ele não tinha ninguém para brincar e me forçava a jogar com ele. E eu apaixonei”. A influência do irmão definiu o futuro da técnica, já que o futsal, somado ao amor por ensinar, foram alguns dos motivos que a fez escolher a Educação Física.

(Foto: Sofia Cunha)

Durante a graduação, nos campeonatos que disputava, o time de Jéssica sentia falta de uma pessoa na beira da quadra para instruir a equipe. Então, ela uniu o útil ao agradável e se voluntariou para o cargo, que ocupa desde 2012. O tempo dela é contado, mas ‘gasto’ com amor pela profissão.

“O esporte é mágico. O que eu tento passar para as meninas é que, além da tática, da técnica e da seriedade, a gente precisa levar o coração para a quadra. Não tem que ser duro, tem que ser divertido”, revelou.

Ao refletir sobre o papel dela como mulher-treinadora em um meio ainda masculino, Jéssica sente um misto de satisfação e tristeza, já que tem orgulho em representar mulheres, mas se frustra com a pouca quantidade de colegas, inibidas pela desconfiança.

Em 11 anos de profissão, ela comandou apenas um time masculino e a impressão que tem é que “eles não acreditam que uma mulher possa somar em um time. Isso fica claro na conversa, nos olhares, na expressão. É uma área que abrange todos, além do sexo”.

O time de basquete feminino da UFU venceu o primeiro jogo na competição por 46 a 20 (vs UFV). O futsal feminino da UFTM ganhou da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) por 6 a 0 e, no jogo seguinte, perdeu para a Universidade Federal de Viçosa (UFV) por 4 a 2.

A edição 2023 dos Jogos Universitários Mineiros (JUMs) ocorre desde quarta (dia 5), em Uberaba, e termina neste domingo (dia 9).


Texto: Sofia Cunha
Edição: Arthur Raposo Gomes
Imagem de destaque: Sofia Cunha